sábado, 2 de maio de 2009

Entrevista de Barbosa ao Jornal de Londrina.

Estou lutando para cortar na própria carne, garante prefeito.

Barbosa diz que vai economizar R$ 3 milhões por ano ao contratar apenas 50 comissionados.

Com a arrecadação da Prefeitura em queda devido à crise financeira internacional, o prefeito Barbosa Neto (PDT) promete medidas para reduzir custos. E garante que vai manter sua promessa de governar com apenas 50 cargos comissionados nas administrações direta e indireta. “Acabou a farra”, declara. Na interinidade, José Roque Neto (PTB), o Padre Roque, nomeou 151 cargos comissionados (69 na administração direta e 82 na indireta).
Segundo Barbosa, com apenas 50 cargos, a Prefeitura vai economizar R$ 3 milhões ao ano o que representaria um quarto dos recursos “de livre provimento” que a Prefeitura tem para gastar durante todo 2009. “Se não cortar na carne, em três meses não tem dinheiro para fazer a folha de pagamento”, alega.
Em entrevista concedida ao JL na noite de quarta-feira, o prefeito repetiu várias vezes que não se esqueceu das promessas de campanha, ao responder que não poderia dar prazos ou detalhes sobre como e quando cumpri-las. Confira os principais trechos:
Barbosa Neto (PDT), prefeito
“Eu não esqueci nenhum dos compromissos. Quero ser cobrado depois”
JL – Assim que foi diplomado, o senhor declarou que a situação financeira do Município é delicada e será necessário conter despesas. Vai ser possível economizar sem inviabilizar as propostas da campanha, como viadutos e a guarda municipal?
Barbosa Neto – Eu espero superar inclusive tudo aquilo que assumimos de compromisso de campanha, mas o momento realmente é de contenção de gastos, de enxugar as despesas para que possamos ter recursos para fazer essas obras.
Uma dessas propostas, bandeira histórica do PDT, são as escolas com ensino integral. Já é possível saber quando e onde será instalada a primeira unidade e quantas serão implantadas até o final do governo?
Não. Eu tenho insistido de não ser um prefeito que busca a imprensa para falar toda hora. Tem que ter muito cuidado. Não tenho muita novidade para falar para vocês e até às vezes anunciar e criar uma falsa expectativa.
Outra questão é a das 2.000 câmeras de vigilância. Quando elas começam a ser compradas e quem vai operá-las?
Eu não esqueci nenhum dos compromissos. Quero ser cobrado depois, mas só que não dá para cobrar antes de eu assumir [a entrevista foi feita na quarta-feira à noite].
Um serviço público que deixou muito a desejar foi o de capina e roçagem. O senhor vai manter o modelo atual?
Na capina e roçagem temos que aumentar a fiscalização. Se você tem como controlar, tem como exigir e melhorar o serviço. Na questão da limpeza vamos fazer um modelo misto que é com o aproveitamento de pessoas que às vezes no próprio bairro podem fazer esse serviço, com a volta dos garis e das margaridas.
Seria um misto de terceirização com cooperativismo?
Vai gerar emprego e vai ter uma presença muito maior de pessoas, com garis e margaridas que vão ter a oportunidade de estar sendo cobrados diretamente pela administração.
Na saúde foram várias promessas: hospital na zona oeste, postos 24 horas, unidades de especialização em todas as regiões da cidade. Como está o andamento para cumprir essas propostas?
Eu estive no Ministério da Saúde hoje [quarta-feira] e nós vamos buscar uma parceria com o governo federal para cumprir os compromissos que havíamos assumido.
O calçadão tem vários problemas, que vão dos buracos aos vendedores de produtos piratas. Como o senhor vai lidar com isso?
O calçadão tem que se transformar num verdadeiro cartão postal da cidade. Inclusive estamos procurando parceria para ver uma solução para ele. Eu não esqueci de nenhum ponto da campanha. Acho que daqui a 60 dias vou dar uma entrevista importante para vocês.
O senhor admitiu aumentar o valor da passagem de ônibus. Disse que depende do que apontar a planilha de custos do serviço, que está sendo contestada pela Câmara. O que o senhor vai fazer?
Vou resolver o problema, ainda não sei como.
Vai elaborar outra planilha?
Vamos fazer uma comparação até com os outros municípios para ver o valor de cada tarifa. Vamos ouvir a Comissão Especial de Inquérito [que investiga a planilha na Câmara], o Ministério Público. Vamos sentar e tomar uma decisão. Não tenho receio de tomar decisões que precisam ser tomadas, às vezes amargas, mas não pode ficar nessa apatia.
Qual será a influência do deputado Antonio Belinati no governo Barbosa Neto?
Será que tem influência? Ele é um deputado estadual, acho que o político mais popular da história de Londrina. Como ele, o [Luiz Eduardo] Cheida, o Luiz Carlos Hauly o Alex Canziani, o André Vargas, eu quero que todos ajudem a administrar a cidade, como eu tentei ajudar nos seis anos que fui deputado estadual e federal.
Em relação a cargos, essa decisão de administrar com 50 comissionados nas administrações direta e indireta dificultou a acomodação de aliados. Como foi a pressão no processo de formação da equipe? Haverá um segundo momento com aumento do número de comissionados?
Acabou a farra, comigo vão ser só 50 cargos comissionados. Não sei se 49, 51, mas dentro dessa margem, mas estou lutando para cortar na própria carne. Estou assumindo os riscos e o desgaste junto a eventuais aliados. Eles precisam entender que o momento é diferente, que o dinheiro público é sagrado, que não posso colocar parente, cupincha ou cabo eleitoral. Por que 50 cargos? Porque isso pode significar uma economia de R$ 3 milhões por ano, o que representa um quarto de recursos que a Prefeitura vai ter durante um ano inteiro para poder gastar, recursos de livre provimento. Se não cortar na carne, em três meses não tem dinheiro para fazer a folha de pagamento.
O senhor mantém a intenção de publicar na internet o nome de todos os comissionados, das administrações direta e indireta, e respectivos salários?
Está mantida a intenção, vamos buscar, é claro que não é do dia para a noite.

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